terça-feira, dezembro 29, 2009

Pequenas coisas...





Por mais que queira descansar
Desta vida amaldiçoada
Não consigo parar de pensar
E de noites em claro passar
A desejar ser tua amada




Desde sempre sonhei com os momentos em que iriamos viver como se fossemos uma só alma.
Desde sempre quis trocar caricias no arco iris dos nossos corações e olhar-te nos olhos como se fossem crianças a saltar de alegria pelo presente conquistado.
Desde sempre quis deitar a cabeça no teu colo e sentir a tua calma.
Embora desde sempre soubesse que o que mais queria era ter-te deitado a meu lado.


Mesmo sabendo que o que sinto é loucura,
Revelando a minha insanidade
Nesta noite escura
Ando a tua procura
Lutando pela felicidade!

sábado, dezembro 26, 2009

Lost and Insecure...



É Natal...
Época da azafama... das prendas...  da chuva miudinha e da mais tempestuosa...
Época de nostalgia...
Do amor relembrado pelo esquecimento passado...
Da solidariedade forçada para redimir todos os egoismos durante um ano inteiro...
Toda esta correria gira à velocidade da luz ... do lado de fora da minha janela...
Eu...
Sentada...
Aconchegada...
De ar condicionado ligado no quente...
Apesar da aragem fria a soprar-me a ponta do nariz...
Olhava através do salpicar da chuva no vidro da frente...
Para...
Arranca...
Para...
Arranca...
Já sentia aquela dormência dolorosa nos dedos dos pés... de tanto pisar os pedais que se tornavam cada vez mais pesados...
Descansava a embraiagem...
Descansava o acelerador...
Parou...
Não mexeu nem mais um milimetro...
Desligo o carro...
Mantenho o rádio ligado para me fazer companhia....e fico a olhar fixamente para o fogo incandescente mesmo em frente ao meu nariz...
Fixo... desfoco ... focado... desfocado... brinco com o olhar ... com o meu caleidoscópio...
Olho para o lado...
Vizinhos com cara de poucos amigos... a esbracejar com ninguém... como se de alguma coisa lhes valesse...
O meu único pendura a olhar para mim... olhar ingénuo e solidário... mais quente que eu... confortável na sua poltrona...
Falo com ele em pensamentos... questiono-o... mas não me responde... impávido e sereno...
Oiço uma música que me faz sonhar... pairar no ar por cima daquele mar metálico
Fazendo-me sentir aquele nozinho no estômago... reconfortante...
Ali...
Depois de um dia inteiro de trabalho...
A um domingo ... quase meia noite...
O trânsito parado... meia hora...
Meio mundo...
E aquela música fez-me não querer saber... acompanhou o meu desespero de chegar à cama... fez-me cantar em plenos pulmões no meio daquele mar vermelho... e fez com que aquela meia hora durasse apenas meio minuto...
Perdida...

sábado, dezembro 19, 2009

Uma mensagem...


Abro os olhos...
Reviro o olhar para pesquisar tudo o que se passa à minha volta...
O ambiente é acolhedor... mas pesado...
O aroma no ar é adocicado e quente... tão quente que começo a sufocar...
Afasto os lençóis...
Levanto a cabeça...
Rodo o corpo lentamente como se não quisesse incomodar os vizinhos...  pairando no ar aproximo-me da janela...
Inspiro...
Ganho coragem para enfrentar algo... delicadamente... afasto o tecido cru que tapa a vidraça e deparo-me com a madrugada... um lusco fusco rosado... assim meio iluminado... prestes a explodir num fogo de artificio matinal...
A medo... recuo até à porta que grita ao minimo toque...
Na escadaria acompanha um gemido ...que a cada dedo meu, tocando a sua velha e desgastada madeira, ecoa pela casa vazia como se de um poço se tratasse...

Shhhh...
Penso...

Silêeencioo...
Peço...

Chego ao hall de entrada...
Uma brisa passa por baixo da porta principal... acariciando-me os pés barulhentos com quem viria a reclamar...
Olho em volta... quadros a óleo e fotografias a preto e branco miram-me de soslaio como se de uma estranha se tratasse...

Um arrepio...

O vitral pintado a cores vivas deixa passar a claridade fluorescente de um novo dia...
Não posso perder este momento...
Saio para o alpendre... encontro um baloiço... mágnifico...
Ansiosa... tal e qual uma criança no circo... anseio pelo maior acontecimento do dia...
Espero...
Ao longe... uma bola de fogo espreita... a medo... quase que consigo ouvir a sua luz rompendo a casca da terra... como uma cria a eclodir do seu ovo...
Pouco a pouco vou serrando os olhos para que aquela luz radiante não me cegue...
Sorrio... o calor aproxima-se da minha face...
Sinto cada toque de luz ...
Cada raio...
Cada feixe que acaricia a minha pele... aquecendo a minha alma.
Aprecio esta maravilhosa dádiva da Natureza...
E fico ali... a baloiçar nos braços do sol... aquecida no seu regaço... esquecida no pensamento de alguém... perdida em mim...

O telefone toca...
Uma mensagem...

"Queres fazer amor comigo?"

Apenas isto...
Agora... neste momento...
Neste tempo... como se fosse aquela chama a chamar por mim...

Não reajo... inspiro... estremeço...

Levanto-me do baloiço que continua a embalar quem lá ficou... para trás ... sentada com aquele lindo nascer do sol...

Volto ao quarto...

Ao leito... onde te deixara em sonhos ... ainda quente do meu corpo embrenhado em caricias imaginárias... nas quais me fizeste perder a cabeça... os sentidos...

Não respondo... remetente errado... reencaminhado para outro... desejado em silêncio.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Vidas Revividas


O toque...
O respirar...
O ar quente trocado entre olhares...
Olhos intensos a curta distância...
Um abraço envolvente...
Dúvidas...
Esquecemos  a vida...
Os objectivos...
Palavras entre olhos mudos... transmitem informação penetrante em almas analfabetas...
Um acto de loucura...
Descoberta do conhecido... escondido  na sombra do desconhecido... 
Irreal... o esquecimento nunca lembrado...
O impossivel que se torna em realidade submersa em intensidade e desejo.
Esse arrepio há muito esquecido...
Sofrimento feliz de uma caricia suavemente arrepiante...
O despir... peça a peça... passo a passo... rasgando... vestindo ... respeitando... angustiante e pensado...
Preconceitos... esses que envolvem uma vida cheia de ilusões... sonhos impostos ... propostos ... dispostos a aventuras nunca dantes vividas...
Melancolia dividida entre alcatrão queimado a ferros quentes de marcas revividas... passadas...
Castradas.... arrancadas à força do peito ferido de uma ave livre... em cativeiro...
Liberta... de asas cortadas cirurgicamente... por um bisturi infectado... inveja... calúnia... desespero... tristeza... hipocrisia...
Num voo picado...
De desejo incrustado...
Despido de preconceito...
Revelado na escuridão...
Libertado da solidão.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Alucinações

À saída...
...de guarda-chuva numa mão, mala ao ombro e uma pasta cheia de folhas sonhadas em projectos na outra mão...
Passos apressados...
Vou ouvindo as pedras secas do caminho quebrando debaixo dos meus pés.... deixando descair os saltos agulha no entremeio dos paralelipipedos da calçada... desequilibrada... frustrada com mais um dia de trabalho ...
o reclamar do chefe... telefones a tocar... colegas a cochichar pelo canto do olho... folhas e mais folhas amassadas e rasgadas por frustrações e erros triviais...
Ando... continuo a andar ... as meias de vidro molhadas com a chuva gelam-me as pernas... os pés humidos  escorregam dos sapatos ... e vou balanceando passo a passo num desequilibrar equilibrado pelo peso nos braços.... cansaço... o carro ao longe ... num caminho k aparenta nunca ter fim... desejo abrir a porta... sentar-me... respirar fundo... e pensar... estou a salvo...
Continuo a caminhar... o estalar da areia debaixo de mim... acompanha a música da chuva a cair com o ritmo do meu andar... no escuro... na noite... numa rua vazia... iluminada por uma língua de fogo a 10 metros de altura ... ali vou eu... concentrada nos meus passos... no meu destino... nos meus sonhos... com o desejo de esquecer a azafama daquela vida atribulada...
Finalmente... o carro...
Apresso o passo ... arrisco no desequilibrio para atingir a meta ...
... cheguei...
Sinto um vazio...
Paro...
...chave em punho pronta para abrir a porta do sossego
Olho em volta...
...nostalgia...
O vento a bater-me no rosto quente... sofrego...
... fios de cabelo húmidos cobrem-me a cara, tatuados... como a pedir refugio na minha pele...
... respiro ofegantemente...
... oiço o ar a entrar e a sair de cada alveolo... cada troca gasosa... o bombear no peito...
...concentro-me
deixo cair o que me guarda e fico ali... à chuva...
... desprotegida...
... desequilibrada...
... à procura de um olhar...
... desejando um olhar que não existe...
À procura dos teus olhos em meu redor... concentro-me
... fixo um alvo...
... que não passa de uma publicidade enganosa... que me iludiu a mim também...
... uns olhos intensos...
... vidrados... reluzentes...
... que me desejam no meu pensamento...
... em papel fino... fixos em mim...  afixados... numa paragem de autocarro...
Desmoreço... molhada...
... com o sobretudo pesado... ombros descaidos e tez marmoreada pelo frio da chuva inexistente...
... como tu...
... naquela noite....
... de ténis calçados corro para o carro... na esperança de chegar a casa... e entrar na cama... que ainda quente espera por mim... para sonhar com o teu olhar... à minha espera... ao longe ... na solidão de uma noite fria e chuvosa de Inverno...

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Fantasmas...


Esses seres gélidos e sorrateiros que me atormentam... onde quer que eu vá.
Espreitam sobre o meu ombro pairando por entre a neblina de sonhos esgotados.
Neblina sombria que deixam para trás... depois de tanto serem usados por estes pensamentos... futeis... imaturos.
Fantasmas do passado que brincam de roda com os do presente... construindo estratégias para assombrar a minha vida.
Entrego-me a estes fantasmas brincalhões que jogam à bola com o meu coração e entrelaçam as minhas entranhas como se de um jogo do galo se tratasse.
Guardiões de desejos...usam e abusam dos meus medos para se aconchegarem no conforto da minha angústia...confrontando o meu espirito.
Guardam a sete chaves o segredo da minha vida ... e todas as noites se apuderam dos meus sonhos e esperam...
Esperam atrás da minha sombra, pelo melhor momento para gritarem bem alto... num sussurro que me arrepia até ao ultimo fino e frágil fio de cabelo.

domingo, dezembro 06, 2009

pensamentos...



"Felizes aqueles que penetram no segredo das coisas..."