terça-feira, fevereiro 16, 2010

Correntes Selvagens


dou por mim aqui agarrada com correntes ao asfalto... que não me deixam prosseguir o meu caminho... o meu sonho... correntes de metal gelado e inquebrável... indestrutivel aos olhos daqueles que se querem aproximar...
sozinha... ofegantemente cansada... derrotada por todas as forças em que alguma vez acreditei...
agora consigo compreender quando um dia me disseram um não... desculpado... quando existiam tantos sins desesperados... mas não incorporados na realidade de um ser selvagem...
agora eu também selvagem... indomável... digo nãos... compreendendo o não outrora desculpado e chorado com lágrimas salgadas num rosto desfeito por sonhos...
agora também eu vejo que não é assim tão dificil perder a criança que há em nós e desejar que ela regresse a casa com uma gargalhada estridente de felicidade esquecida... com o esquecimento de uma passagem amargurada pela página de um livro desfolhada com a velocidade fulminante de um desejo que já foi...
que já não o é...
compreendo... não censuro... também eu agora reconheço o quão dificil é viver selvagem... desejando cativeiro que nunca saberemos se será o ideal... que não conseguimos dizer sins... que não conseguimos seguir um sonho... um desejo... porque simplesmente não dá... não somos capazes... não somos crianças... tornamo-nos selvagens num mundo de relações humanas... sonhos quentes... envolventes... duradouros... mas não passam de sonhos...
foi esse não ... o último a fazer-me sentir criança novamente...
permaneço acorrentada aos elos que me queimam contra o alcatrão do asfalto fervente... forte... incapacitante... do selvagem... perdendo a criança sonhadora que outrora aqui habitava...

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