quinta-feira, janeiro 21, 2010

Sentido Abstracto



Dias e dias à roda de uma roda de vida vivida... não desenvolvida... inerte nos dias que passam e arrastam o ar dos pulmões que não o usam ... voltas e voltas de nada usado por ninguém para insignificar o antigo pacífico esperançado...
O não saber onde não se encontrar algo que não existe... onde não sabemos estar nem onde procurar...
Não querer saber de nada nem de ninguém enquanto não queremos continuar a não querer...
Dançar balançando... dançando num balanceado estagnado... parado no balanço de uma onda desenfreada de uma maresia penetrantemente ondulada... penetrando num mar intenso gélido com uma vida gelada procurada estarrecida e dignificada aos olhos de ninguém...
Amar... amargurando... dignificando o sentimento... sentido procurado... não achado... sem saber por quem...
Sentimento jamais alguma vez sentido pelo conhecimento de quem não quer saber... desistindo de tocar naquilo que nos leva a não querer continuar a sentir...

sábado, janeiro 16, 2010

Insónias...


Quantas vezes damos por nós a olhar em redor de uma noite que não conseguimos passar... talvez pelas horas de sono a mais de um dia descansado... ou apenas porque não conseguirmos parar de pensar... apesar de haver tanto para fazer no dia seguinte.. e de tão cedo ter que acordar...
Nada nos faz fechar os olhos e conseguir entrar naquele tão desejado sono... descansado... 
Pensamos em tudo ao nosso redor... sonhamos... planeamos... projectamos e revivemos tudo e mais alguma coisa... excepto que temos de adormecer o mais rápidamente possivel para que no dia seguinte não nos arrependamos das horas não dormidas...
Tudo à nossa volta se torna confuso... obtuso... tudo passa aos nossos olhos... o passado... o presente... o futuro... os melhores momentos... os piores... e os não vividos... os arrependidos... e os desejados...
Mas nada nos faz cair no poço do sono e relaxar...
Olhar no escuro... ver luzes a piscar... sombras a passar... contar os buracos das persianas... os carneiros a saltar nas cortinas...  imaginar historias... e até canções de embalar... dar voltas e voltas na cama até ficar enrolados nos lençóis que de nada têm culpa...
Inspirar fundo e pensar... porquê?
Vá dorme.... amanhã tens que acordar cedo...
Levantar para beber àgua... ou procurar algo que não existe na cozinha... ir a casa de banho... ler umas folhas perdidas de um livro da mesa de cabeceira... ou mesmo ouvir música da rádio mais calma e envolvente...
Nada disto resolve o problema... até que a exaustão faz derrotar o guerreiro pela luta do sono.... ou... muitas vezes... a luz do dia... e o dever de levantar se torna pesado e forte... mesmo no momento da guerra terminar...

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Inesperado



Um dia na cama... calmo... quente... quando o frio enregelesse as paredes... do lado de fora... o uivar do vento nas ripas da janela... enquanto me aconchego nos lençóis de flanela... aquecidos de mais uma noite...
Mais uma noite em auxilio dos outros e um dia em auxilio de mim... do meu desgaste...

Levanto-me....àgua quente... fervente... relaxante em cima de ombros descaidos ... contraidos... pesados... cansados... àgua no rosto pacífico... inócuo...

Escolher a roupa para uma noite diferente... sentir-me bonita... especial... aos olhos de ninguém... aos meus ... à minha estima própria...

Sair de casa... a chuva gelada a cair na calçada... deslavada... encharcada de folhas pisadas pelas passadas apressadas de quem foge de ninguém...

Ligar o carro agitada.... esfregando as mãos a correr com o fôlego quente a ajudar para rápidamente as conseguir aquecer...

Um jantar... umas conversas em dia... umas risadas... umas cumplicidades... champanhe... melaço...
Uma noite bem passada... com uns passos de dança agitada... enrolada... aconchegada... suada e revoltada com a  noite lá fora gelada... e os corpos quentes... envolventes... tementes à noite que ainda  é uma criança... e que a dançar os levará até ao inesperado... até as pernas não aguentarem o ritmo... o balanço... o esforço relaxado de quem quer continuar... a dançar...

Sem carro... uma troca de algo desconhecido... com principio inofensivo e um fim.... inesperado...
Terminado o balancear  ritmado dos corpos envolvidos naquele ambiente abafado... volta a chuva... o frio... a sensação do vazio... do termino daquela noite ainda jovem...

Fome... unida à vontade de comer ... e de para casa não voltar... ajudam mais um bom momento a acontecer... fumegante... aconchegante para o estômago e para a alma...

Pronta para voltar para aqueles lençóis que outrora teria deixado... naquele quarto desarrumado pela vontade de liberdade...
Regresso a casa de madrugada... orientada... calibrada para mais um bom dia de sono auxiliado...
para regressar às noites de auxilio programado...
Deitada... aconchegada... imprevisto... levantada de novo despertada para uma liberdade inesperada... realizada por acaso...
Um acaso confortável... afável... agradável... passeio em redemoinhos de imaginário... embalados pelo som da chuva... rolamentos em alcatrão... pelo interior... praseiroso... sorridente... quente... envolvente... suplicante por mais um pouco do inesperado... sonhando... fragmentos de interrogações suspeitas... curiosas... praseirosas... inesperadas... sonhadas... desejadas...

De novo em casa... os mesmos lençóis como testemunha...  olham para mim... desejam-me como ninguém... finalmente têm-me como sua... definitiva... desesperada...

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Música da Semana ---> Jamice - Maravilla



Que recordações... sensações que não se esquecem... amigas especiais... caminhos desencontrados...
Saudades Biba**

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Infância...


Últimamente tenho ido rebuscar memórias tão antigas que já ganhavam pó no fundo do baú do meu Id...
Jogos, músicas, programas de tv.... desenhos animados e mesmo desanimados...
Acabei por reflectir mais afundo sobre este assunto quando dei por mim quase de cara no chão e com uma enorme dor de barriga de tanto rir da minha figura...
Lembram-se da macaca?... e do macaquinho do chinês?... do jogo da mosca?... o rei dá licença? ...do mata e do bate o pé...?
Estas memórias fizeram-me reviver de tal forma que... fui tentada a aventurar-me.... tentei de novo jogar ao eixo...
Mas a coisa não correu assim tão bem... e como a força nas pernas já não é a mesma... vi o chão a aproximar-se a grande velocidade...
Mas fui feliz... foi um momento de glória.... no palco do asfalto com público e tudo...
Umas dores nos braços... um arranhão... mas nada que superasse a alegria de me sentir criança de novo... e de umas boas gargalhadas e mais recordações...

sábado, janeiro 02, 2010

Mim...



1 hora, dia 2, mês 1, ano 10...
Código binário  de uma vida confusa... código simples... mente complexa...
Face à força mais pura... binária... solitária... ancorada na areia dourada da costa terrestre... da crosta cintilante...
Banha pontos de luz no horizonte... mergulhados na imensidão da sua beleza...  pureza...  profundeza escura... dura... madura...
Eu... mais um ponto de luz da sua fonte... no seu horizonte... oposto... envolvida na sua beleza... destreza... certeza... gentileza... leveza...
Concentrada... inspirada na solidão musical... musicalmente embalada... esperançada... em mim... fortificada... reforçada... amada... por mim... de mim... para mim...
Eu em mim... mim em mim... apenas eu... comigo...
A partir daqui vai ser assim... sim... mim...

Bomba Relógio


Cá estou eu... desta vez não com um teclado, mas com uma folha rudimentar e uma simples caneta azul, de ponta metálica...
Mais uma vez embrenhada nos meus sonhos... nos meus pensamentos... desejos...  incertezas... palpitações...
Palpitações como as que senti ontem à noite.... depois da meia noite tão desejada por multidões.... por meio mundo...  porque a outra metade já a havia sentido...
Deitada...  isolada... forçando um sono que  não existe... que deveria existir... ali estava...  a ouvir a minha bomba relógio... o tic-tac desesperante... cada bombada... cada golfada de sangue que jorrava das suas aurículas pelos tricuspides cruzamentos de feixes melancólicos, vermelhos e sumarentos de sonhos e pesadelos...
Futuro à frente das orbitas encarceradas na fronte desfeita por desgaste e secura, desidratação...
Carne seca e apodrecida à mercê dos abutres da vida que rondam sedentos do suco rejuvenescido... enriquecido pelo desprezo alheio...
Estirada... nervo... cartilagem... rede de fibras entrelaçadas por linhas energéticas com voltagem limitada... sem força... desmagnetizadas como a vida... sem química... sem filamentos voltaicos... subtraída de tudo... somada a mais um desperdício humano...
Fruto sem polpa... soro simples da verdade ignorada...
Amargura... desprezo... infinita tristeza cultivada ao longo de décadas... enraizada à estrutura óssea... ao cálcio... ao tecido esponjoso... a todos os tegumentos... a todos os eritrócitos bombeados por aquela bomba relógio...

Reflexão para 2010



Sempre os mesmos desejos, as mesmas passas passadas, àguas ressequidas, champanhe rebentado para o ar, espuma branca, envolta na areia da vida, revolvida um ano inteiro... sempre os mesmos pensamentos, as mesmas promessas, confessas, despidas... confissões, relações, ilusões e tudo regressa ao mesmo...
Tudo permanece igual a si próprio, sempre as mesmas desilusões, pobrezas, tristezas...
Embora nas primeiras horas se sonhe com um futuro melhor, mais saudável, solidário, pacato, estrelato, barato... tudo estagna... tudo permanece igual e real enquanto que em cada pensamento despoletado pela fantasia de um dia diferente igual a tantos outros se transformam desilusões e problemas em sonhos enfeitados com purpurinas douradas embrenhadas na espuma branca da vida.
É fácil dizer que apartir de amanhã vai ser diferente, que apartir desta hora, deste minuto, deste segundo, depois desta contagem decrescente ... eu, tu e o mundo vamos mudar...
Vamos andar de mãos dadas e ser felizes... pensar... tudo vai correr bem apartir de agora...
Mas valerão a pena esses segundos de esperança... dará realmente um novo ar à nossa consciência?!...
Será que apenas estes segundos de pensamento tão intensos no terminar do tricentésimo sexagésimo quinto dia do ano têm tão consagrada capacidade de alterar o nosso rumo, a nossa vida, a força e ambição, que ao longo de um ano inteiro sempre nos esforçámos e desejámos ter... quando acabámos sempre por baixar os braços e desistir?!... ou deixar para amanhã porque simplesmente hoje não é um bom dia, não é o dia ideal?!
O terminar deste último dia e o início de uma nova década, de uma nova Era terá essa maravilhosa capacidade?!... como um passe de mágica... ou será apenas mais um pensamento... mais uma força perdida no dia seguinte?!... Depois de acordarmos com uma enorme dor de cabeça e pensarmos... acabou... voltou a rotina...
Ano Novo Vida Nova... mas vira o disco e toca o mesmo...
Pois eu não acordei com dores de cabeça... nem dormi... mas também tive milhares de pensamentos e desejos tão intensos que quase acreditei que os consigo pôr em prática, depois do ano desesperante passado... ser recalcado...
Será que terei forças para pôr em prática a minha felicidade?... a felicidade que ambicionei naqueles segundos flash da meia noite?!...
Só me resta continuar a sonhar e ambicionar até a força se apoderar de mim até às entranhas e eu chegar a um dia a dizer :
- É verdade, um segundo pode mudar uma vida... a força de um segundo... a energia de um segundo... a energia da mente... pode significar a energia do resto da tua vida...